Borboletas


Lindas, leves e livres...

As borboletas parecem estar o tempo todo celebrando. Não têm problema de autoestima, já que são belas por natureza. Não devem se sentir deprimidas, pois são leves em essência. Não se aprisionam em padrões e estereótipos sociais, porque são livres. Ah, borboletas... Vida perfeita...

Mas será que sempre foi assim mesmo ?

Antes de virar borboleta, o que se via era uma lagarta. Argh! Imagina a vida de uma lagarta ? Viver fugindo de ser esmagada, mas já esmagada pela vida. E não estou falando isso por causa da beleza, porque as lagartas são belas ao seu modo. O problema da lagarta está na beleza da alma. A lagarta vive se escondendo da vida entre as folhas. Quando é vista no chão, fugindo de ser pisada por um ser insensível qualquer, não se esforça para mostrar seu valor, porque ela mesma não reconhece que tem. A lagarta está perdida. Precisa encontrar o sentido da sua existência.

Até que um dia, a lagarta cansa de ter pena de si mesma e resolve mudar. Se isola no seu casulo e começa uma transformação, de dentro para fora. E assim, ela se reinventa. Uma verdadeira metamorfose: a lagarta fica para trás e dá lugar à borboleta.

Linda e com asas para voar. Perfeita ! Será ? Nem sempre! Muitas borboletas não conseguem enxergar a força que têm por trás da aparente fragilidade. Ganharam asas, mas têm medo de voar. Continuam presas ao passado de lagarta. Por isso se escondem, se camuflam. Esquecem que o mimetismo é uma forma de defesa, não de fuga. Precisam enfrentar a vida, aproveitando a experiência do passado a seu favor, não como uma trava, que aprisiona a sua alma, mas como um impulso para avançar por novos horizontes.

Quando a borboleta toma coragem para se aventurar por terras desconhecidas, aí, sim, ela percebe que ficar no chão, por baixo, como a lagarta, já não é mais uma opção, porque está segura em suas próprias asas. Ela já aprendeu a voar. 

Quem olha uma borboleta, linda, leve e livre, esquece o que ela precisou superar para se transformar. Por isso ela celebra alegremente, a cada bater de asas, o seu triunfo: a vida seguiu e encontrou o seu sentido.

Essa é uma importante lição da natureza: todos nós podemos deixar para trás a lagarta e nos transformar em borboleta, mas essa mudança só depende de nós mesmos.

Falando em borboletas, tem uma citação de Mario Quintana que eu adoro:

"O segredo é não correr atrás das borboletas... É cuidar do jardim para que elas venham até você."

Muitas vezes a gente fica procurando a borboleta, mas não percebe que o nosso jardim está devastado e que isso impede a sua aproximação. Somente quando a gente toma consciência do estado do jardim e decide remover as ervas daninhas que se enraizaram com o tempo, é que se abre espaço para que novas sementes germinem e o jardim novamente floresça. Aí, é questão de tempo para a borboleta certa pousar.

Lagartas, Borboletas, jardins... Não importa a metáfora. O que importa é que tudo se renova. E são essas transformações que dão sentido à nossa existência.

2 comentários:

  1. kinha, mais um texto maravilhoso, mais uma vez você se superou. Adorei!!! pois é um texto muito pertinente, porque na vida, quem nunca foi, ou se sentiu, em determinados momentos, uma lagarta, uma borboleta ou um jardim? Acho que todos somos os três. Melhor, acredito que todos TEMOS que ser os três, para podermos crescer e, com as experiências vividas, nos tornarmos pessoas mais felizes. ESTOU FELIZ COM O JARDIM QUE ENCONTREI. NA VERDADE MESMO, ESTOU COMPLETA E LOUCAMENTE APAIXONADO PELO JARDIM ONDE ESTOU POUSADO. Beijos.

    ResponderExcluir
  2. Carlos, a sua conclusão foi perfeita! É isso, vamos passando pelos três estágios e continuamente nos renovando. Fico feliz que tenha encontrado o seu jardim! Gde beijo!

    ResponderExcluir

Esse espaço é seu... Deixe seu comentário e vamos conversar!