Dia típico



Segunda-feira. Sabe aquela semana que você começa com tudo planejado na sua cabeça ? Reuniões, projetos, acompanhamento de resultados e monitoramento das ações para fechamento de trimestre. Tudo planejado! Você vai para o trabalho com tudo esquematizado, até porque essa semana tem feriado - Sexta-feira Santa - e você não pode perder um minuto. Começa o dia, reunião com a equipe... Depois, enquanto assina uns contratos que estão na bandeja, responde e-mails e retorna as ligações de sexta, que você não conseguiu porque estava viajando, entre um e outro despacho... Tudo normal.  Almoça no restaurante da empresa mesmo, nada de sair do prédio para não perder tempo. No máximo meia hora e já está de volta, aproveitando o silêncio do escritório ainda vazio e sem toques de telefone, porque ainda é horário de almoço, para raciocinar em cima da análise financeira que compõe a proposta para um cliente que precisa ser enviada hoje. Típica segunda-feira.

Após o almoço, reunião de coordenação com seus pares e seu Big Boss. Você entregou todas as demandas, tudo sob controle. Eis que nessa hora surge um fato novo. Um problema que precisa ser resolvido ainda dentro do mês. Tem que conduzir essa negociação urgente. Em Manaus. O calendário mostra que falta dia no mês para tantos compromissos, não dá pra cancelar nada. Vai fazer o que essa noite ? Dormir no avião para já estar em Manaus amanhã cedo! E assim, às 5 da tarde, o seu planejamento vai por água abaixo! Você que pretendia ficar no escritório até umas 8h para fechar o gerenciamento de desempenho de  pessoal, sai correndo para pegar a mala em casa para estar no aeroporto às 8h. Do carro, já vai instruindo a sua ajudadora para adiantar a mala e agendar o táxi para as 7h, liga para o marido para avisar que não o verá hoje e torce para o transporte das crianças não atrasar, para conseguir dar um beijinho nelas antes de ir e conferir se o filho está bem, já que passou a madrugada na sua cama com crise de bronquite.

Dá tudo certo, o trânsito ajuda. Seus filhos chegam e já vêem a mala pronta. Já sabem que você está de partida. A filha diz que vai fingir que você não viajou, apenas chegou muito tarde e não deu tempo de vê-los acordados, e que no dia seguinte, saiu bem cedinho, antes deles levantarem, porque ela fica triste quando você não dorme em casa... Seu coração aperta, você a abraça e diz que no dia seguinte estará com eles em casa. O interfone toca, o táxi chegou.

Mais uma vez, trânsito bom. Está com sorte. Você chega ao aeroporto 20 min antes do horário de embarque. Está indo em direção ao portão e vê que o salão está vazio. Será que dá pra dar uma ajeitada nas unhas em 20 min ? E não é que deu mesmo ?

Entra no avião, seu assento é no meio. Que maravilha! Serviço de bordo, você tá cheia de fome e te oferecem um pacotinho de amendoim com uma bebida! Repito: viagem no horário da janta e o que te oferecem é um amendoim!  Dá pra piorar ? O pior é que dá... Você vai ouvindo uma música pra relaxar quando sente um cheiro esquisito no ar ...  Alguém no seu entorno está soltando pum! De chorar, amigos!

4h depois, você chega em Manaus. Graças a Deus!  Faz um lanchinho no aeroporto, já que a essa hora o restaurante do hotel deve estar fechado. 1h30 da manhã, você manda um sms pro marido, para não acordar as crianças com o telefone. Ele não responde, deve estar dormindo ! Que bom! Sinal que seu filho não teve outra crise, ou ele estaria acordado. Você demora a desacelerar e dormir. Coloca o celular para despertar: tem 6 h de sono. Deita e liga a TV. E pra variar, estranha a cama... Mais uma noite mal dormida...

Terça-feira. A reunião é bem produtiva, mas extensa. Atravessa o horário do almoço. Quando você se dá conta, já são quase 15 h e seu voo de retorno é às 16. Tem que encerrar a reunião e correr para o aeroporto.  Chega em cima da hora, não dá tempo sequer de comprar um lanche. Mais uma refeição no avião! O serviço de bordo da Tam é generoso: um pacote com 2 biscoitos de água e sal, um polenguinho, um bolinho e coca-cola. Mas na hora da fome, virou um banquete... Rssss

Você escreve esse diário de viagem enquanto está em voo, para matar o tempo. Nas últimas 24h, passou 8 delas dentro do avião. Não vê a hora de desembarcar. Chegada prevista para as 21h30. Meia hora para pegar a mala que foi obrigada a despachar. Até chegar em casa, quase uma hora de táxi. Certamente, não verá os filhos acordados. Normal. E assim espera completar mais um dia típico da sua vida de executiva.

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