Dicas de viagem: Porto Seguro

Dia do índio. É certo que as crianças que ainda estão na educação infantil farão atividades sobre o tema na escola e ainda irão para casa "vestidas de índios". As mães já esperam na saída da escola com câmeras em punho, para registrar esse momento. Como meus filhos vão no transporte escolar, tenho que me contentar com uma foto tirada na chegada, já amassados e borrados da viagem, quando a "tia" (a babá) lembra de registrar. Mesmo quando eu deixo a câmera em cima da mesa para isso...

Mas essa introdução é só para comentar que esse ano, quando cheguei do trabalho, minha filha, então com 5 anos, veio intrigada me perguntar: "Mãe, os índios existem ?" Fiquei surpresa com a pergunta. Imaginei o que passaria pela cabecinha dela ! Rapidamente, respondi que sim e estava começando a explicar a importância dos índios na história do povo brasileiro, quando ela me interrompeu para pedir: "Então, me leva para conhecer um ?" Me senti na obrigação de atender a esse pedido, não só por ser um pedido de filho, que, claro, todo pai e toda mãe quer atender, mas também para manter a nossa cultura viva.

E assim, poucos meses depois, ao planejar as nossas férias, não pensei duas vezes: vamos para um lugar que tenha uma aldeia para visitarmos. E juntando o útil ao agradável, acabamos desembarcando em Porto Seguro! Um pouco de história do Brasil e da cultura indígena, com muita beleza natural, sol e mar! Tá bom pra você ? Então, vou deixar aqui algumas dicas dessa viagem.

Praias

Se você está procurando agito, música e dança a céu aberto, a galera fazendo a coreografia, ao som do último hit da axé music, você quer ficar em Taperapuã. Lá, você tem diversas opções de hotéis na orla, em frente às barracas mais famosas de Porto Seguro, como TôaTôa, AxéMoi, Barramares e outras, que fazem a praia ferver. Dia e noite, acontecem shows e apresentações de dança no palco. Não dá para ir a Porto Seguro e não conhecer essas "barracas", que só são barracas no nome, pois têm uma infraestrutura de casas de eventos. Mas se prepare: não vá com fome, principalmente com crianças. É muita gente, os garçons não dão conta, demora muito. Além disso, a comida parece preparada em escala industrial. Não tem aquele sabor especial.

Se você tem crianças, como eu, vai querer ficar sossegado, curtindo uma praia tranquila, com a família. Nesse caso, a região de Santa Cruz de Cabrália é a melhor opção. Fica a cerca de 14 km de Porto Seguro e as praias são ótimas. Recomendo especialmente as praias de Mutá e Coroa Vermelha. Ambiente tranquilo, sem música bombando nos ouvidos e sem aquele clima de azaração. Mar calminho e rasinho para a criançada.

Coroa Vermelha

Além da praia, Coroa Vermelha tem outras atrações. É onde se encontra a Cruz do Descobrimento, monumento que marca o local onde foi celebrada a primeira missa no Brasil. Ao lado da cruz, você encontra alguns índios, totalmente caracterizados, prontos para fotografar com os turistas. Minha filha travou. Não acreditava que estava frente a um índio de verdade! Claro que pedimos para fotografar. R$ 5,00 a foto.

Na passarela para a praia, você encontra um comércio de ponta a ponta, com muito artesanato, souvenirs, camisetas e moda praia. Em algumas lojinhas, você aluga uma vestimenta dos índios para fazer fotos. A minha filha vestiu e se sentiu uma verdadeira indiazinha. Já o meu filho, nem pagando!!!

Também fica ali o Museu do Índio, com muitas peças de uso pessoal, instrumentos de caça e pesca e artesanato dos índios pataxós. Vale à pena conhecer. O guia que nos acompanhou era um indiozinho de 10 anos, que ainda fez uma piadinha no dialeto pataxó ao final da apresentação. Se ele nos xingou, não sei, mas achei tão bonitinho...

Ao lado, fica o Comércio Indígena Pataxó, com muitas outras lojinhas. Visite a loja de produtos naturais do pajé da aldeira Pataxó. Você vai se surpreender com as garrafadas!

Memorial do Descobrimento



Na BR-367, avenida principal de Porto Seguro, antes de chegar a Taperapuã, você encontra o Memorial do Descobrimento, um museu a céu aberto que mostra um pouco da história do descobrimento, desde trechos de cartas dos navegadores portugueses e elementos históricos e artísticos, a uma oca estruturada com utensílios dos índios, para mostrar como viviam os primeiros habitantes. Mas o que achamos mais interessante foi a réplica de uma caravela. Você pode entrar e se imaginar um tripulante. Só posso dizer que tinha que ser guerreiro para aguentar tanto tempo no mar naquelas condições. Longe de ser um cruzeiro marítimo... rssss

Recife de Fora
Passeio muito recomendado! Se você gosta de mergulho, é imperdível. Com crianças, pode ser um ato de bravura! rsss

Recife de Fora é uma barreira de corais em alto mar, com espécies raras, além de peixes e moluscos. O passeio é feito por diversas agências. Na passarela do álcool, você encontra várias. Em média, custa R$ 70,00. Você ainda pode alugar a máscara, o snorkel, um par de sandália emborrachada croc (para proteger os pés dos corais e ouriços) e uma capa a prova d'água para a câmera. O passeio depende da maré, mas a agência sabe qual o melhor horário. 


Você vai de saveiro até os recifes, quase 1 hora (se você enjoa, tome antes um remedinho), lá desce para os botes infláveis e na altura da cintura, segue caminhando ou nadando até as piscinas naturais. Alto mar, logo, a água é fria! Um baita choque térmico quando desce do bote. Ali, acabou a alegria do meu filho, que é megafriorento.

O visual é lindo! Você mergulha com peixinhos ao seu redor, sente tocar na sua perna. Estava tudo indo bem até minha filha ver um ouriço. A partir daí, ela não quis mais pisar no chão, com medo do danado! Resultado: eu não curti quase nada, pois as crianças só reclamavam, cada uma por uma razão. Não via a hora de voltar! Mas, mesmo assim, valeu conhecer.


Centro Histórico

É o primeiro centro habitacional do Brasil. Fica acima da orla e tem uma vista maravilhosa das praias. Lá estão o Marco do Descobrimento, trazido de Portugal, a Igreja de Nossa Senhora da Pena (padroeira da cidade), a Casa de Câmara e Cadeia, hoje o Museu de Porto Seguro. Você não precisa de guias para chegar ou mesmo circular no local (que basicamente é uma rua!), mas, tem uma equipe lá, se oferecendo para guiar o passeio. Acabamos contratando um guia e, sinceramente, eu achei que agregou. Ele era divertido, conhecia causos interessantes, informações como a "casa de fulano é ali", "essa árvore aqui é de não sei o que", dicas dos melhores doces nas barracas, além de esbanjar simpatia e de poder nos fotografar juntos.

No final do tour, tem um comércio, onde você pode se refrescar com uma água de coco gelada, comer uma tapioca, comprar doces (tem cocada de tudo quanto é sabor e um chocolate caseiro delicioso!), além de comprar souvenirs e artesanato!



 Passarela do Álcool

É o point. A Passarela do Álcool fica no Centro da cidade e reúne de tudo um pouco: bares, restaurantes, lojas de artesanato, barracas de bebidas, de artigos religiosos, etc. Tem opções para todos os gostos e gastos. Do boteco pé-de-chinelo ao melhor da culinária baiana. Vale a pena circular por lá. Pode levar as crianças que tem até uma recreação com brinquedos infláveis, do tipo pula-pula.

No final da passarela, tem uma travessa chamada “O Beco”. Lá você encontra bares e restaurantes super aconchegantes, com bons vinhos, música ao vivo e luz de velas. Além de pizza ! Em frente, tem uma sorveteria ótima para a alegria das crianças. Adorei!

Reserva Pataxó da Jaqueira
(Acesso pela BR-367, direção Santa Cruz Cabrália. Virar à esquerda em frente ao Barramares.)

Esse foi o ponto alto da viagem. Visita à aldeia indígena, no meio da mata nativa. Os índios recebem os visitantes a caráter. É a materialização dos livros de história!

Um índio recebe os visitantes na entrada da reserva e leva até a aldeia, caminhando pela mata. Uma trilha bem legal. Depois, uma índia faz uma breve exposição sobre a cultura indígena, sua infância e tradições. A seguir, você faz um tour pela aldeia, com outro índio, e conhece o interior de uma oca, plantas medicinais, a escola pataxó, onde os índiozinhos aprendem as duas línguas, português e pataxó. Depois, ele ensina a usar  arco e flecha. É difícil, gente! Dali, ele te mostra o artesanato confeccionado por eles, para você comprar, claro! E, se quiser, ainda pode almoçar na aldeia. 

Você precisa agendar a visita com a Associação Pataxó de Ecoturismo (tel.: 73 3288 1256 / Cel.: 73 9979 5597). As agências também fazem o passeio. Eu saí realizada! E minha filha também! Vale muito a pena essa imersão na cultura indígena!

Espero que essas dicas ajudem e que você se anime a visitar Porto Seguro, onde todo dia é dia de índio!

Boa viagem!!!

(Realização da viagem: novembro/2012)
  

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