Ande com meus sapatos

Estava caminhando na volta do trabalho ontem. Da estação do BRT até em casa é uma caminhadinha de uns 10 minutos. O ambiente é aprazível, cercado de jardins e ciclovias, crianças brincando e adultos correndo ou pedalando, então quando a gente percebe, já chegou. Mas muitas vezes o cansaço é implacável e a gente nem olha ao redor, tudo que quer é acelerar o passo pra chegar logo em casa!

Assim eu estava ontem, percorrendo meu caminho em passos firmes e acelerados, quando ouvi pouco atrás passos quase que marcados com os meus, parecendo uma marcha. Nos cumprimentamos com um breve aceno de cabeça e seguimos em frente.

Seguíamos por uma praça de pedras portuguesas, onde de vez em quando meu sapato, salto agulha de 7,5 cm, teimava em achar uma brecha e afundar, até que chegamos numa área em que a ciclovia cortava o calçamento. A ciclovia ia fazendo contornos pelos jardins mas dava no mesmo lugar, na saída do parque, só que num percurso que era quase o dobro de continuar cruzando o parque pelo calçamento de pedras portuguesas. Eu segui pela ciclovia. 

Minutos depois, chegando na saída do parque, alguns passos na minha frente estava aquele senhor da marcha. Ele me olhou, sorriu e cruzou a saída na minha frente dizendo: o melhor caminho entre dois pontos é uma reta. Eu balancei a cabeça afirmativamente e sorri. 

Ele tinha razão em relação ao caminho mais curto, mas não em relação ao "melhor caminho". Para mim, com aquele sapato alto de salto fino, era muito melhor percorrer um calçamento asfaltado do que o piso irregular de pedras portuguesas, mesmo que fosse o dobro do trajeto!

Lembrei imediatamente daquela frase que diz "Antes de julgar a minha vida, calce meus sapatos e percorra o caminho que percorri..." e ri... Simplesmente tive que rir ao perceber que aquela frase pra mim tinha se tornado mais do que uma metáfora! Mas a situação também serviu para me lembrar que cada um escolhe o caminho que é melhor pra si e ninguém é competente pra julgar.

Bj bj!