Velhos hábitos

Terminei o café e fui curtir essa manhã de domingo lendo o jornal na varanda. Meu marido, que é todo tecnológico, insiste que eu deveria ler no tablet, mas eu gosto mesmo é de folhear as páginas e ir jogando para o lado o que não interessa ou que já foi lido. A gente mantém a assinatura de final de semana só para me propiciar esse prazer. Questão de hábito.

Ao terminar de ler, fui juntando tudo imediatamente, organizando os cadernos na ordem. E aí me deu um insight: por que eu estava preocupada em deixar o jornal organizado, como se tivesse acabado de ser entregue, se ninguém mais iria ler ? Lembrei que esse hábito foi criado na infância, quando eu e minha irmã ficávamos loucas para ler a Revista da TV, o Segundo Caderno e o Globinho e deixávamos o jornal todo bagunçado. Meu pai surtava com isso. Chegou a tal ponto que a minha mãe determinou que só mexêssemos no jornal depois que meu pai o lesse. Era a forma de garantir um início de domingo tranquilo.

Esse flashback passou rápido pela minha cabeça e eu comecei a rir. Já não tem mais motivo para eu continuar com a paranóia do jornal impecável. Na verdade, nem meu pai se mantém tão rígido com isso. 

É engraçado como algumas coisas permanecem na vida da gente, mesmo que já não haja mais razão para isso. Tantos hábitos a gente poderia abandonar com o tempo, mas se tornaram tão intrínsecos a nós que fica difícil enxergá-los. Sou a favor de preservar costumes, mas não aqueles que te condicionam, somente aqueles que te fazem felizes. Confesso que me senti meio infratora, largando o jornal todo bagunçado sobre a mesa. Mas infringir as nossas próprias regras é sinal de liberdade. E abandonar velhos hábitos que não te acrescentam mais é sinal de evolução. Mesmo que eu continue lendo o jornal em papel. 




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