Foi-se o tempo em que Carnaval para mim era sinônimo de 6 dias de folia. Começava na sexta, no "Baile Pré-Carnaval", que emendava nos 4 dias de folia oficial e, ainda de quebra, no sábado seguinte ainda tinha o "Baile da Vitória". A gente mal se ligava na escola de samba campeã do Carnaval, mas estava lá no clube comemorando sua vitória. Tudo era motivo, claro!
No auge da adolescência, comprar os ingressos para todos os dias no clube era a minha carta de alforria assinada pelos meus pais. Se para mim era a liberdade, para meus pais representava a tranquilidade de que eu estaria segura dentro de um ambiente fechado (lamentavelmente a recente tragédia na "Boate Kiss" mostrou que não é bem assim). Foram muitos carnavais ao som de marchinhas e sambas que marcaram época, ao lado de um grande grupo de amigos do meu prédio. E naquela época ainda não estávamos na onda do "carnaval do beijo na boca", em que quantas mais bocas beijasse, melhor. O que fizesse no baile, ficaria marcado na história do ano todo. Ficar com dois já seria arriscar demais a sua reputação. Era melhor ser bem criteriosa na escolha e só ficar com alguém por volta da segunda-feira, para não correr o risco de se arrepender antes da terça... Outros tempos aqueles...
Casei, nossos filhos nasceram e esse tempo de foliã naturalmente ficou para trás. Nos últimos anos, nosso programa de Carnaval era buscar um lugar para descansar com as crianças. Mas esse ano, pensamos em fazer algo diferente. Com o ressurgimento dos bailes nos clubes e consolidação dos blocos de rua, resolvemos aproveitar o carnaval na cidade.
Começamos com o bloco infantil Gigantes da Lira. Bloco com direito a animadores, mestre-sala e porta-bandeira mirins, animado por pais e mães acompanhando seus filhos. A farra das crianças mesmo era jogar confete e serpentina uns nos outros. Dos pais, ficar babando com os filhos lindos de fantasia e dando os primeiros passos de samba. Não tem preço!
Depois, crianças em casa, hora dos pais se divertirem no Baile de Máscaras do Vivo Rio. Fomos com um casal de amigos queridos e dançamos a noite inteira ao som de Ivo Meirelles com a bateria da Mangueira (minha escola do coração) e a banda Santa Clara. Nos intervalos, DJs mandando bem com os sucessos de hoje (da vodka e água de coco do Naldo ao camaro amarelo de Munhoz e Mariano) e das antigas. Chegamos em casa com o dia claro, coisa que há muito tempo não fazíamos!
Não paramos aí. Fomos ao bloco infantil "Largo do Machadinho, mas não largo o meu suquinho", no Largo do Machado. Estava um pouco preocupada, com medo do calor e do tumulto, mas encontramos um ambiente super familiar, bem arborizado, o que aliviou o calor, onde as crianças puderam brincar tranquilamente. Recomendo aos pais. O único inconveniente é o trânsito. Se puderem evitar ir de carro, melhor. Ficamos mais de uma hora para seguir a Rua das Laranjeiras, porque justamente naquele horário passava o bloco da Alice (devia ter me informado antes). A melhor opção mesmo deve ser ir de metrô, já que a estação é na própria praça! Lembrarei disso ano que vem!
Hoje é terça-feira, último dia de folia, e eu estou acabada! Estou na cama, assistindo TV com o laptop no colo, tomando coragem para encarar mais um baile infantil num shopping. A minha bateria acabou. A conclusão que eu chego é: tô ficando velha! Ou preciso urgentemente ter uma bateria sobressalente, para alternar uma com a outra, como fez a Mangueira, que inovou e escreveu mais uma página na história do Carnaval, com duas baterias. Sou suspeita para falar, eu reconheço! Mas que foi lindo, isso foi! Nenhuma descontinuidade, pura cadência.
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