Se dar bem consigo


Estava lendo um livro com dicas simples e diárias para viver melhor e logo nas primeiras páginas me deparei com a seguinte: “Diminua sua necessidade de ruído”. Dizia que as pessoas estão tão conectadas o tempo todo que precisam de um pouco de silêncio para relaxar a mente, precisam de um tempo para si. Parei para pensar na dica.

Silêncio. Todo mundo precisa silenciar a alma de vez em quando. Mas será que é fácil ?

Fiz uma rápida reflexão e percebi que ficar sozinha e em silêncio não faz parte da minha rotina. Pensar em sair para almoçar sozinha, só em último caso. Quando acontece alguma coisa que me impede de sair para almoçar na leva do pessoal do trabalho, a minha opção fatalmente é pedir um lanche e “almoçar” na minha mesa mesmo. Misto de comodismo com desconforto. Não sei ao certo. 

Quando entro em casa e estou sozinha, minha primeira ação é ligar a TV. Mesmo que eu não vá ficar em frente ao aparelho, o som da TV é necessário para preencher o ambiente. Se estou viajando então, nem se fala! A TV é minha companhia e nem sequer programo o “sleep” na hora de dormir. Permanece ligada a noite inteira. 

Nunca parei para pensar sobre isso. Encarava como hábito, simplesmente. Mas confesso que agora fiquei intrigada. Será que estou fugindo de ficar sozinha comigo mesma? Será que evito o silêncio para não ouvir meus gritos interiores? 

Lembrei da Cláudia, uma amiga do trabalho que tinha o hábito de almoçar sozinha todos os dias. A desculpa era que ela tinha que estar disponível ao seu chefe, o que exigia horários que nem sempre se encaixavam ao período de almoço padrão. Mas nós sabíamos que havia vezes em que era possível conciliar, mas ela não fazia muita questão, embora se relacionasse bem com todos e fosse muito querida. Uma vez, alguém questionou como ela conseguia almoçar sozinha todos os dias. Ela respondeu naturalmente: “Eu me dou muito bem comigo mesma.” 

Reduzir a minha necessidade de ruído pode ser uma oportunidade para aumentar a intimidade comigo mesma. Fazer silêncio para ouvir a minha voz interior, que pode estar sufocada pela avalanche de informações e preocupações que se depositam diariamente na minha mente, a uma velocidade que mal permite processá-las, desviando o foco de um pensamento mais profundo, voltado para o meu eu. Pensando assim, estou me lançando um desafio: tentar passar mais tempo comigo. Posso me surpreender ao descobrir que sou boa companhia para mim. 

Agora, se me dão licença, hora de fazer silêncio.

Estava lendo um livro com dicas simples e diárias para viver melhor e logo nas primeiras páginas me deparei com a seguinte: “Diminua s...

Todo dia é domingo


Hoje peguei um táxi em São Paulo, para percorrer do aeroporto de Campo de Marte a Congonhas. Corrida que a depender do horário, poderia variar de 30 minutos a 2h30. Cansada, meu desejo era desfrutar do silêncio daqueles minutos e, com sorte, ainda tirar um cochilo e compensar um pouco o déficit de sono.

Embarquei no táxi de um senhor sorridente e bom de papo, que tornou a corrida mais rápida, não pela velocidade com que conduziu, mas pela leveza daqueles momentos. Dedicando quase 15 horas por dia ao seu ofício, ele recebeu essa passageira como se estivesse abrindo a porta da sua casa a uma visita esperada, com muita cordialidade e alegria, pondo em prática a conhecida frase: "a casa é sua, pode entrar". Percebi na viagem que seu táxi é a prova da filosofia sobre o trabalho ser a segunda casa. Clichê ?

Papo vai, papo vem, fiz a pergunta óbvia: como não se estressar no trânsito em São Paulo ? E ele, com toda naturalidade, me disse que nunca se estressa. (Oi ?!) Vendo a minha surpresa, ele continuou: “Eu nunca me estresso porque eu adoro dirigir.” Fazer o que ama, mais um clichê. Mas vi no entusiasmo com que falava que aquelas palavras eram expressão da sua verdade. Ele sempre sonhou em dirigir, então, trabalhar no volante é uma realização. E completou que pode enfrentar horas e horas de trânsito ruim, que continua tranqüilo, porque dirigir para ele é fonte de prazer. Ele relaxa enquanto trabalha. Que privilégio ! Não somente fazer o que gosta, mas reconhecer e ser grato por isso.

Também confessou que este estado de espírito relaxado pode ter sido herdado da sua terra natal. Afinal, todo bom baiano é descansado de alma... Ele afirma que pode entrar o passageiro estressado que for, ele não se aperreia.

O tempo voou e a sorte também contribuiu, porque o trânsito fluiu. Não dormi na corrida, mas estava descansada, como o meu amigo baiano. No final da viagem, perguntei a ele seu nome: “Domingos.” Nome mais apropriado não haveria, para aquele homem que consegue viver como se todo dia fosse domingo.

Hoje peguei um táxi em São Paulo, para percorrer do aeroporto de Campo de Marte a Congonhas. Corrida que a depender do horário, poderia...

Tensão pré-segunda-feira


Se no fim de domingo, quando começa a abertura do Fantástico, você sente um calafrio e pensa "Ai, meu Deus! Amanhã é segunda-feira!", não se aflija. Você não é a única. Preferir estar em casa, tornando a vida um eterno fim de semana, seria a escolha natural da maioria. A própria Bíblia diz que o trabalho foi colocado na vida do homem como um castigo... Quando Deus criou o mundo e viu que tudo era bom, Ele não havia instituído o trabalho. O trabalho só veio depois, quando Adão e Eva foram castigados por comer do fruto proibido e Deus acabou com a vida boa, declarando a Adão: “do suor do teu rosto comerás o teu pão”. Então, não se puna se você não conseguir achar o trabalho a maior diversão da sua vida! Realmente, não é para ser. Mas também não deve ser uma tortura. 

Mais do que uma questão de sobrevivência, por atender as nossas necessidades básicas (alimentação, moradia, etc), o trabalho também complementa nossas necessidades sociais, de autoestima e realização (olha a Hierarquia de Maslow !). Se o trabalho é um meio de sobrevivência, social e emocional, não pode ser um catalizador de doenças. Não pode ser um fardo, não pode fazer mal. Se isso acontece, algo está errado.

Ter um pouco de estresse no dia-a-dia é cada vez mais comum. A pressão do tempo, a velocidade das informações, as metas a serem atingidas e as diversas tarefas do dia exigem que as pessoas sejam multitarefas e estejam sempre conectadas. A vida se tornou estressante. O trabalho também. Até aqui, tudo normal. O problema está em como você reage a essas situações de estresse. 

Muitas vezes, as situações de estresse desencadeiam um comportamento proativo e dirigido, provocando um efeito positivo, que leva o indivíduo à superação. É como se você tivesse levado o seu organismo à carga total para atingir determinado objetivo. O resultado é bom, porém, essa condição não pode ser permanente. Não dá para se manter a 100% de capacidade o tempo todo. E aí começam os efeitos negativos do estresse, quando o seu organismo começa a dar sinais de que precisa reduzir o ritmo. Inicialmente surgem a tensão, a impaciência, a ansiedade. Depois, a insônia, o desânimo, o cansaço crônico. Mais a frente, doenças como enxaqueca, dermatite, gastrite e outras “ites”. E peça a Deus para parar por aí...

E como é que você se protege disso ? 

Primeiro, se pergunte: o estresse é inerente ao trabalho ou é você que se estressa com o trabalho ? Que qualquer organização tem metas e que as pessoas estão lá para atingí-las, todos concordam. Lidar com a pressão por resultado é uma exigência do mundo corporativo. Mas você está preparado para isso ? Se não está, o que pode fazer para se capacitar ? E se não tem perfil, por que não mudar de área ? Identificar o fator catalizador de estresse é o primeiro passo para você conseguir se blindar contra seus efeitos. 

Segundo, não queira tirar 10 em tudo. Nem sempre é possível realizar tudo como queremos, às vezes alguma coisa fica aquém. Busque sempre fazer o seu melhor, mas seja coerente consigo mesmo e não se exija além do que consegue dar. 

Terceiro, lembre-se que há vida fora do trabalho. Quando estiver com a família, esteja! Aproveite realmente o tempo em que está com quem você ama, que já é tão escasso. Procure uma atividade prazerosa, uma ocupação, ou mesmo uma “desocupação”! Isso mesmo! Gaste um pouco de tempo com você mesmo. Nem que seja fazendo nada. Se permita um tempo e desconecte-se de vez em quando. Mas deixe o celular ligado, por via das dúvidas... (Ops! Olha a recaída !) 

Enfim, a vida é uma só... E o trabalho é um meio de vida, não um fim. Aprenda a equilibrar as coisas e seja feliz, dentro e fora do trabalho.


Se no fim de domingo, quando começa a abertura do Fantástico, você sente um calafrio e pensa "Ai, meu Deus! Amanhã é segunda-feir...

Dicas de viagem: Búzios - RJ

Se você está esperando que eu fale sobre a badalação na Rua das Pedras e o glamour da orla Bardot, esqueça... Vamos falar de Búzios, mas não aquela Búzios que todo mundo conhece, que se transforma depois que o sol se põe e oferece o melhor da vida noturna e da gastronomia. Vamos falar de Búzios para quem está fugindo do agito e quer um pouco de privacidade e tranquilidade para aproveitar com crianças.

Vamos para a Praia dos Tucuns!

A praia dos Tucuns fica perto de Geribá, mas parece esquecida. Tem um quê de rústica, com vegetação rasteira típica de restinga e areia rosada. Com larga faixa de areia, é ótima para caminhar, correr e jogar com as crianças nos seus 2,5 km de extensão. Apesar de ser uma praia de mar aberto, cujas ondas atraem os surfistas, Tucuns tem uma faixa de praia rasa que a torna excelente para crianças. Quase não tem infraestrutura. Os poucos quiosques ficam no canto esquerdo da praia. Sem quiosques, sem barracas, sem tumulto, sem barulho. Somente o som das ondas. Deu pra entender por que parece um que você não está em Búzios ?


No centro da praia de Tucuns fica o Blue Tree Búzios. Se estar em Tucuns já é ótimo, ficar em Tucuns no Blue Tree é demais!

O Blue Tree Park Búzios Beach Resort é novo, bonito, bem cuidado e tem uma equipe super acolhedora. As recepcionistas, o rapaz que cuida das bagagens, a equipe do restaurante, o rapaz do bar de toalhas, os recreadores, enfim, todos com os quais tive algum contato no hotel foram super educados e atenciosos.

Ficamos numa suíte standard, bastante espaçosa, com duas camas king size, sofá e mesa com duas cadeiras. Tinha uma varanda, que ficava de frente para a piscina. Se a standard nos acomodou super bem, imagino as superiores!



A piscina é enorme e ramifica-se por entre os blocos. Em volta dela, muitas espreguiçadeiras. Muitas mesmo! Parece até que tem espreguiçadeira para todos os quartos. Você pode ficar tranqüilo porque vai encontrar um lugar para sentar à beira da piscina, sem precisar madrugar ou disputar com outros hóspedes.



O hotel tem SPA e academia bem equipada, kid´s club aberto o dia inteiro, trapézio para acrobacia, inclusive para crianças, arena esportiva com pista de skate, mini-golf, quadras de futebol, tênis e vôlei. Além disso, tem três pistas de boliche, que você pode reservar para jogar com a família, e uma área de games, com monitores e diversos jogos eletrônicos, além dos jogos tradicionais, como sinuca, ping-pong e totó. Tem também uma programação noturna, bem familiar, que vai do karaokê ao bingo. No período de festa junina, rola a festinha do Blue Tree, com direito a barraquinhas e forró pé de serra.

O hotel tem três restaurantes: o principal, onde é servido o café da manhã e o buffet das demais refeições, um restaurante japonês, ao lado, e um italiano. No fim de semana que estivemos, somente o restaurante principal funcionou. Já estive em resorts do estilo all inclusive em que as opções no restaurante eram mais variadas. Além disso, a reposição das refeições principais não era boa, às 20h o buffet já estava com aspecto de "fim de festa" e às 20h30 as sobremesas já estavam na "raspa do tacho". Mas não tenho o que reclamar do café da manhã. Você pode fazer a reserva para pensão simples (somente café da manhã) ou completa (todas as refeições incluídas). A vantagem da pensão simples é que você pode aproveitar a gastronomia da cidade e, se quiser fazer alguma refeição no hotel, pode pagar à parte, porém, não aconselho, porque no final fica muito mais caro do que fechando a pensão completa ou mantendo a decisão de comer fora.

E por fim, vamos falar da praia! A areia da praia começa a poucos passos da extremidade da piscina do hotel. Barracas e espreguiçadeiras estão à sua espera. A praia é quase deserta, bem diferente das praias do Rio de Janeiro ou mesmo outras de Búzios, em que você disputa um pedacinho de areia. Melhor impossível, não é ?



Se você quer curtir uma praia tranquila e ao mesmo tempo descansar, o Blue Tree Búzios é uma excelente opção. Eu reservei através de uma promoção no Hotel Urbano, então, valeu mais à pena ainda! 

Bj bj!

Se você está esperando que eu fale sobre a badalação na Rua das Pedras e o glamour da orla Bardot, esqueça... Vamos falar de Búzios, mas nã...

Três Marias

Estava numa festinha infantil quando observei três amigas: Maria Cláudia, Maria Eduarda e Maria Alice (segundos nomes fictícios), lindas meninas na faixa dos 6/7 anos de idade. Inicialmente, me chamou atenção a coincidência dos nomes, mas acabei observando que as semelhanças entre elas não se limitavam a isso. Tinham o mesmo modo de se vestir, o mesmo penteado, o mesmo gestual... Considerando ainda a semelhança física existente, posso dizer que de costas era difícil identificar quem era quem. Três Marias. 

Isso me fez lembrar uma frase que minha mãe sempre usava: "Não existe somente uma Maria no mundo". A primeira vez que me recordo de ter ouvido essa frase foi quando eu achei que minha prima estava usando o meu vestido, pois usava um exatamente igual, e minha mãe usou a frase para enfatizar que não havia somente um vestido daquele no mundo e que ela também tinha o mesmo modelo. Algo óbvio, mas que parecia surpreendente para uma criança de 3/4 anos. Mais tarde seria totalmente natural, já que minha mãe e minha tia eram parceiras de compras e não foram poucas as vezes que encontraram uma boa promoção e trouxeram o mesmo modelo para nós duas, algumas vezes sem nem mudar a cor. Lembro de uma jardineira que nós até combinávamos de usar juntas, já na adolescência.

Essa frase foi e ainda é usada por minha mãe muitas vezes. Quando criança, eu interpretava que era para enfatizar que objetos e condições não são únicos e exclusivos, e que o fato de ser ou parecer igual não quer dizer necessariamente que seja o mesmo. Hoje eu compreendo que a frase é uma provocação para lembrar que muitas vezes a diferença está nos detalhes.

Num mundo em que as pessoas buscam se enquadrar em padrões de beleza e comportamento, na ânsia de serem aceitas, fiquei refletindo sobre o que pode estar passando pela cabecinha das nossas filhas. Ver tantas mulheres empenhadas na busca do peso certo, do corpo malhado e esteticamente tratado, do cabelo no tom da estação, do visual da moda, pode estar levando as meninas a perseguirem um padrão, se espelhando nas mães ou nas celebridades da TV. Nessa fase em que sua personalidade ainda está em formação, que tipo de estímulo estamos dando para a valorização da sua própria identidade ? O que estamos fazendo para nossas crianças descobrirem sua própria essência e a transbordarem de dentro para fora, não só no visual, mas também nas suas atitudes ? 

Não existe uma só Maria no mundo. E é justamente a diversidade de Marias, com perfis, ideias, interesses e preferências próprias, que enriquece as relações. Esse é o verdadeiro sentido da vida em sociedade. É o conceito de coletividade, não simplesmente constituída por grupos de indivíduos, mas sim, indivíduos que respeitam e valorizam suas individualidades. Não há problema em nos vestirmos igual e em compartilharmos interesses, desde que sejamos autênticos. O que não podemos é sufocar quem realmente somos para agradar a outrem, para atender a um padrão socialmente aceito. Afinal, não somos um monte de "Maria vai com as outras". Somos Marias na essência do nome, cujo significado, "senhora soberana", já se contrapõe à submissão, à possibilidade de ceder aos interesses dos outros em detrimento de nossas convicções. 

Cada Maria é especialmente única. Apenas precisa ter coragem de mostrar quem realmente é. Simples assim.

Por outro lado, para saber quem é Maria - Maria José ou José Maria, não importa -, as pessoas precisam aprender a olhar além da aparência. Só quem sabe distinguir exatamente a imagem e a essência, consegue enxergar as pessoas como realmente são. 

Estava numa festinha infantil quando observei três amigas: Maria Cláudia, Maria Eduarda e Maria Alice (segundos nomes fictícios), lindas...